73. FELICIDADE EXISTE????

Olá amiguinhos...

Bom dia.

Hoje eu caí da cama cedo e acordei antes das galinhas!!! Rsrsrs

E como não poderia deixar de ser fiquei deitada na minha cama pensando na vida e em tudo o que tem acontecido comigo neste último ano.

Vamos lá!!! Vamos combinar que este último ano – desde agosto do ano passado – tem sido o ano do inferno astral para mim e para minha família.

Começamos em agosto, conhecido como o mês do desgosto, com a morte de uma pessoa muito querida e especial para todos nós. 11 dias depois disso eu recebo o diagnóstico do câncer. Setembro negro – incertezas. Começo o tratamento. Será que eu vou vencer a luta contra o câncer? Em outubro chego a conclusão de que não dá mais para continuar trabalhando. Faltam forças físicas e a mente está por demais cansada. Em novembro, durante meu tratamento, minha mãe cai e quebra, ou melhor, esfacela o ombro esquerdo.  Dezembro chega... Minha mãe tem que operar o ombro. E eu, que sempre fui a acompanhante dela nestes momentos me vejo sem nem ao menos poder pisar no hospital. Raiva, tristeza, frustração, impotência. Tudo isso eu senti neste momento. Quem vai cuidar de mim agora? Quem vai me mimar agora? Egoísta? Não, fragilizada e dependente... Natal... Natal triste este ano. Pela perda da nossa querida Judith, pela minha doença, pela ausência de outras pessoas que eram parte de nosso dia-a-dia. Reveillon – o que será que temos para comemorar nesta passagem de ano? Não sei. Na época não consegui vislumbrar nada no auge da minha depressão.

2012 chegou!!!! Ufa!!! Será que ele vai trazer coisas boas? Sim trouxe algumas, mas nosso inferno astral continuou. Acabei minha quimioterapia em janeiro. Viva! Uma vitória!!! Preparar para a cirurgia. Depender de plano de saúde. Autorização que demora pra sair. Mais nervosismo. Cirurgia marcada. 27 de fevereiro. Lá vamos nós para o abatedouro. Foi assim que eu me senti... Como um animal indo para o abatedouro. Sensação horrível. Você entrar inteira no hospital e sair sem um pedaço de você. Curada? Ainda não. Sem câncer? Sim. Vamos esperar os famosos 5 anos de remissão.

Em abril recebo alta dos médicos para começar a fisioterapia. Muita dor, muito incômodo. Com uma cirurgia radical não poderia ser diferente. Tudo começa a ficar muito lento. Agora começa a fase da paciência. De um levar um dia depois do outro. Restrições. Inúmeras restrições. Não posso mais pegar peso (nunca mais), não posso mais fazer minhas unhas do jeito que eu gosto (nunca mais), tomar cuidado para não ter linfedema, menopausa precoce – desde outubro de 2011 que não menstruo mais. Cai a ficha – filhos não fazem mais parte da minha vida, mesmo que eu os quisesse. O cabelo começou a crescer!!! Finalmente! Outra vitória! Me senti um rato pelado durante meses, sem 1 fio de cabelo sequer no corpo todo. Gorda!!!! Quem me conhece vai rir disso. Mas acreditem. Finalmente chegou o dia em que eu tenho que lutar contra a balança. Menopausa + tamoxifeno + sedentarismo = gordura na certa. 

Outra vitória – cheguei aos meus 40 anos. Comemoração. Renascimento. Não foi por acaso que justamente neste ano meu aniversário caiu no domingo de Páscoa. Vida nova. Tentar me achar no meio deste turbilhão todo. Redescobrir a vida. Que rumo tomar? Que caminho seguir? Descobrir o que eu quero para mim, para o meu futuro, para a minha vida. Se perguntar se existe futuro sem conseguir encontrar a resposta. Descobrir que se passa a viver um dia de cada vez sem planejar o dia seguinte. Descobrir que a vida é maravilhosa e que os mínimos detalhes têm muito mais sentido hoje do que tinham antes.

Novos amigos chegam, amigos do seu convívio diário se afastam, antigos amigos ressurgem das cinzas. Você se sente querida e amada. Mas mesmo assim vem o isolamento. Você se afasta do mundo, de todos, de tudo. Medo. Medo de se machucar, medo de não conseguir superar o câncer, medo de não conseguir sobreviver, medo de ter uma metástase ou uma recidiva, medo porque você descobre finalmente que NUNCA MAIS SERÁ A MESMA PESSOA. MEDO DO DESCONHECIDO!!!!

Então você se pergunta: QUEM É VOCÊ AGORA???? Pergunta sem resposta. Pergunta que só você pode responder, mas que não consegue achar a resposta certa.

Debilidade física – sempre presente depois da cirurgia. Incômodos, dores, cansaço físico e mental. Tentar ser forte sem ser, tentar ser feliz sem ser, tentar encontrar um sentido para a vida e não conseguir.

Não, não estou sozinha. Tenho meus anjos da guarda de plantão: meus médicos todos, minha psicóloga, minha fisioterapeuta, minha família, meus amigos. Mas mesmo assim você se sente sozinha. Estranho sentimento que também não consigo explicar.

Mais dissabores acontecem. Nosso inferno astral ainda não acabou. Mais problemas. Meu adenoma de hipófise resolveu ressurgir das cinzas. Mais medo surgindo. Alguns problemas familiares – desta vez envolvendo o pai do meu cunhado e sabemos que vai se perdurar por muito tempo. Calma, paciência, perseverança e fé de que tudo vai se resolver. Que 2012 acabe logo, meu Deus...

Mas ai você para, respira fundo, chega a uma conclusão e consegue admitir para si mesmo de que mesmo com todos os problemas, com todas as provações você SOBREVIVEU. Você venceu a batalha. Desta vez o câncer perdeu a guerra e eu venci. Felicidade!!! Sim, no meio disso tudo você descobre que sim, é possível ser feliz a cada dia. Que é possível viver sem planejar o dia seguinte e ainda assim ser feliz. Você descobre que Deus está, esteve e sempre estará ao seu lado. Você descobre que viver vale muito a pena.

Renascimento! Sim agora sim é renascimento. Vamos tratar de encontrar a felicidade. Vamos buscar um novo rumo para a vida. Vamos nos redescobrir. Vamos descobrir quais são os nossos limites. Vamos descobrir o que queremos para o nosso futuro, seja ele 1 dia, 1 semana, 1 mês, 1 ano, 1 século. Mas que em cada um desses dias você consiga ser feliz.

Que venham os problemas, que venham os desafios. Quem passou por tudo o que eu passei tem forças o suficiente para enfrentar qualquer dificuldade que a vida lhe imponha.

Os problemas continuaram para nós. Minha família ainda não teve sossego. Mas somos uma FAMILIA. E estamos unidos e juntos para qualquer batalha que tenhamos que enfrentar. Como em toda guerra, podem existir perdas irreparáveis no meio do caminho, mas a certeza da vitória sempre vem em minha mente. EU SOU UMA VITORIOSA. NÓS SOMOS VITORIOSOS. Lutamos juntos e vencemos juntos. E vamos estar sempre juntos para o que der e vier.

Então vem a resposta para a pergunta. FELICIDADE EXISTE??? Sim, existe. Basta você conseguir e querer enxerga-la. Ela está ali na sua frente, ao seu alcance. Só depende de você.

Sou feliz porque estou viva, sou feliz porque tenho uma família maravilhosa, sou feliz porque tenho amigos fieis e leais ao meu lado (cada um me apoiando da forma como podem, pois não existem duas pessoas iguais no mundo), sou feliz porque descobri o que quero para o meu futuro: ser feliz a cada dia sem esperar nada em troca da vida. Viver um dia de cada vez sem esperar o dia seguinte.  

Felicidade existe? Sim existe sim. Basta você estender a mão, tocá-la e sair vivendo a vida de mãos dadas com ela...

A conclusão que eu cheguei: DE QUE VIVER VALE MUITO A PENA!!!!!

Beijos para todos e fiquem com Deus.

72. VIDA QUE SEGUE SEU RUMO

Olá amiguinhos...

Minha vida tem seguido seu rumo. Tem dias que estou feliz. Tem outros que estou triste. Mas tenho vivido um dia de cada vez. E assim vou levando a vida e no final tudo dá certo.

Hoje vim fazer duas coisas: um desabafo e um agradecimento.

Primeiro o desabafo: gente, que ano é esse de 2012???? Ele foi muito, muito difícil para minha família. Tivemos algumas vitórias sim. Mas também tivemos vários desgostos e problemas. Mas para uma coisa isso tudo serviu: nos uniu ainda mais! E sou feliz por isso. Mesmo o ano não tendo sido bom eu agradeço a Deus por cada vitória que tivemos.

Agora o agradecimento...

Como alguns de vocês sabem faz 1 ano que estou morando na casa da minha irmã e do meu cunhado por conta do meu câncer e de alguns problemas com a minha mãe, algumas perdas irreparáveis que tivemos... Enfim... Alguns motivos nos levaram a fechar nossa casa e ir morar lá. Realmente está sendo um ano complicado.

Mas como nós não somos donos do nosso próprio destino, hoje nós voltamos para casa. Depois de 1 ano estamos de volta à nossa casa.

Há 1 ano atrás eu me lembro bem do dia em que sai de casa aos prantos por toda a situação, achando que não fosse conseguir voltar para cá. Mas como a vida dá voltas inesperadas, hoje, 1 ano depois, sai da casa da minha irmã e do meu cunhado aos prantos por estar deixando para trás pessoas que passaram a fazer parte do meu dia-a-dia, pessoas que aprendi a conviver, que aprendi a amar mais ainda, a admirar pela força e pela garra de tentar levar tudo adiante, mesmo com tantos dissabores e decepções. Uma verdadeira batalha, uma luta de leões.

Tivemos alguns dias de sossego, outros dias de tristeza, outros de agonia, outros de muita dor, mas em todos os dias tivemos muito amor, carinho e respeito uns pelos outros.

Fazer parte da rotina de lá, poder ajudar a eles com coisas pequenas, poder estar perto dos meus sobrinhos e ajudar a ensiná-los o certo e o errado, saber que eles tinham tranquilidade para viajar quando necessário e deixar a casa, as crianças e a Maria conosco... Pequenas coisas, mas que já ajudam bastante.

Hoje sai de lá de coração partido! Chorei um monte no caminho de lá para minha casa. Lágrimas de tristeza de estar deixando para trás pessoas que amo mais do que a mim mesma. Mas como eu disse antes, não somos donos do próprio destino. Deus sabe o que faz. E ele quis que este fosse o momento de nós retomarmos a nossa vida, estabelecer uma nova rotina, fazer planejamentos e seguir adiante em nossos caminhos.

Minha querida irmã e meu cunhado – meu irmão – não tenho palavras para agradecer a tudo o que vocês fizeram por mim e pela minha mãe. JAMAIS vou esquecer isso na minha vida. Todo apoio emocional, financeiro, carinho, vocês terem aberto a casa de vocês para nós num momento tão difícil que estávamos passando. Hoje um túnel nos separa fisicamente, mas meu coração e minha alma estão e estarão com vocês sempre.

Ainda temos uma dura jornada pela frente, eu sei, mas quero que vocês saibam, principalmente você Décio, que eu estarei ao seu lado como sua irmã para o que der e vier, para tudo e todos os momentos. Amo minhas irmãs de paixão, mas aprendi a amar você como a um irmão também. O irmão que eu nunca tive, mas que Deus mandou para mim. Cunhado e irmã – não hesitem em me chamar. Estarei ao lado de vocês no mesmo instante.

Hoje ainda vou me permitir ficar triste... Mas a partir de amanhã, vamos arregaçar as mangas, fazer planos e executá-los. Vamos voltar a conquistar a felicidade todos os dias, sempre vivendo um de cada vez. Uma coisa é certa, meus amigos... O corpo se recupera muito mais rapidamente do que a mente, a alma. E o que mais assusta nisso tudo é ter a certeza de que você NUNCA MAIS será a mesma pessoa...

Cláudia, Décio, Catarina e Daniel – amamos muito vocês e todo este tempo dedicado a nós JAMAIS será esquecido.

Espero que minha outra irmã Márcia entenda e compreenda o que eu quis dizer aqui, porque também a amo, meus sobrinhos e cunhado com a mesma intensidade. Mas tinha que deixar aqui, escrito e registrado, toda a minha gratidão pela nossa outra irmã e sua família.

Deus me presenteou duas vezes: a primeira me dando uma família maravilhosa e a segunda vez me dando outra chance de viver e aproveitar esta família linda que eu tanto amo. E de uma coisa vocês podem ter certeza: essa segunda chance não vai ser desperdiçada. Agarrei-a com unhas e dentes e vou viver ainda durante muitos anos cercada de pessoas que amo e sendo muito feliz...

Boa noite para todos e fiquem com Deus.