Depois de muitos meses sem escrever e sem aparecer, estou voltando ao meu blog.
Já tem algum tempo que estava com vontade de escrever, mas ficava adiando, adiando, adiando.
Chega. Chega de adiar. Não quero adiar mais nada na minha vida.
Ando passando por uma fase complicada desde abril. Minha depressão voltou de forma galopante e ainda não consegui me livrar dela.
Eu fiz e pensei coisas que até Deus duvida, que dirá eu. Eu mesma não consigo entender (ou talvez não queira aceitar) algumas coisas. Talvez eu não queira aceitar a minha realidade de vida agora.
Talvez eu tenha dificuldade de aceitar que hoje eu sou uma pessoa mais fraca tanto física quanto emocionalmente. Talvez eu tenha dificuldade de aceitar que hoje eu consigo me enxergar como eu realmente sou.
Finalmente depois de 41 anos de vida estou conseguindo me olhar no espelho e ver minha alma, ver meu eu, me ver transparente. Se eu gostei do que vi? Não. Não gostei não.
Tive e ainda tenho dificuldades de me aceitar desta forma.
O câncer transformou minha vida. Não vou dizer que o câncer destruiu minha vida porque estaria falando uma calúnia enorme. O câncer me acordou para a vida, para meus problemas, para meus "achismos", para meus defeitos. Me fez ver que eu não sou e nem nunca fui invencível, imbatível, melhor do que ninguém. Antes tarde do que nunca.
Eis que o patinho feio finalmente começa a se transformar em cisne. Ainda vai demorar um pouco para eu ser um belo cisne. Mas acho que consigo chegar lá.
Meu caminho ainda é longo e confesso que estou cansada e desanimada.
Cansada de sentir dor (que sei que vou sentir para o resto da vida), cansada de sofrer ainda com os efeitos colaterais que meu tratamento me deixou, cansada de ter que tomar tanto remédio para ficar melhor, de me sentir tão debilitada, tão dependente, tão vulnerável.
Para algumas pessoas o processo é mais fácil. Muito mais fácil. Mas para mim não foi e não está sendo. Para quem sempre se achou uma pessoa resolvida, decidida, forte, que conseguia (ou achava que conseguia) resolver todos os problemas, se ver a merce de uma situação que você não escolheu, que você não pediu e que você sabe que não tem mais volta não é nem um pouco fácil.
É meus amigos, estou cansada. Para quem lutou tanto para sobreviver a uma doença maldita chega a ser uma ironia dizer isso. Estou cansada da vida.
Me afastei de todos os meus amigos, me enclausurei dentro de casa, me acovardei diante do mundo. E ainda perdi a chave da porta. E agora? Como eu faço para sair? Será que tem alguém disposto a me mostrar onde está a chave? Será que tem alguém disposto a me aceitar como eu sou agora, sem me cobrar nada, absolutamente nada? Será que eu ainda consigo fazer do meu lema durante a doença uma verdade?
Será que ainda consigo viver e ser feliz???
Esta, amiguinhos, é uma pergunta que eu ainda não sei e nem consigo responder.
Beijos para todos e fiquem com Deus.
