48. MUITOS ACONTECIMENTOS EM POUCOS DIAS

Olá amiguinhos...

Faz tempo que não apareço por aqui, eu sei!

Mas foram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, muita informação para uma mente já conturbada e até eu conseguir digerir e administrar tudo da melhor forma possível demorou um pouco. Confesso a vocês que ainda tem um assunto que está me deixando muito sensível, mas este eu vou tratar em um blog especial, logo após este.

Bem, vamos aos acontecimentos...

Já faz algum tempo que tenho me questionado e tenho sido questionada por algumas pessoas sobre algumas decisões que tinha tomado com minha mastologista. Perguntas essas que tem fundamento. Então, parei para pensar, me questionar o que seria melhor para mim, para minha saúde e sim, para meu futuro e sobrevida.

Com isso, resolvi conversar novamente com meu oncologista, com minha psicóloga e com minha família sobre tudo o que estava acontecendo comigo e sobre toda a minha doença, desde o início. Depois disso, resolvi procurar outras opiniões para eu poder tirar as dúvidas que surgiram e então resolver o meu futuro.

Nestes últimos dias fui a vários médicos, todos indicados e recomendados, com meus exames e histórico desde quando soube que estava com câncer. Todos foram unanimes mediante o quadro apresentado. E infelizmente a opinião de todos eles diferiu do que minha mastologista tinha me falado e sugerido fazer e sinceramente, eu mesma já tinha começado a questionar o que seria melhor para mim mediante a postura e posição que ela tomou comigo.

Eu sou e sempre fui da opinião que todo relacionamento, seja ele qual for, tem que ser baseado na confiança. E a partir do momento em que eu comecei a procurar outras opiniões é porque já não estava me sentindo segura em relação ao que vinha acontecendo comigo. Pronto. Agora é fato consumado. Mudei de mastologista. Por quê?

Por que estou pensando no meu futuro, na minha vida daqui por diante, depois que eu ficar curada. E não no meu agora, no presente apenas e na estética. E foi pensando nisso que resolvi tomar esta decisão. Foi muito difícil para mim, pois vamos lá... Eu já passei da metade do tratamento quimioterápico. Já era pra estar com tudo resolvido e eu não precisava de mais este problema agora. Mas, novamente eu digo, se ele apareceu é porque tinha que ser assim. Mais uma batalha e mais um aprendizado.

Pronto. Mastologista trocado. Gostei muito deste novo mastologista, é uma pessoa experiente, indicado pelo meu oncologista, trabalhou durante anos no Inca e tem vasta experiência em casos como o meu. Resolvido isso fomos para o cirurgião plástico (que foi um dos motivos de discórdia com minha mastologista antiga).

Também está resolvido. Fui ontem a ele com minha irmã Cláudia. Também gostei muito dele. Ele também tem experiência em casos como o meu, trabalha já há anos com o mastologista, me explicou direitinho tudo o que pode acontecer, como pode ser, o que pode ser feito, me mostrou inclusive fotos de antes, durante e depois da cirurgia. Tudo vai depender de: como eu vou estar depois do término da quimioterapia e do que o mastologista vai encontrar quando me operar. Se eu não precisar fazer radioterapia o procedimento é um. Se eu precisar fazer, terá que ser um processo mais lento para dar tempo ao meu organismo de se recuperar de tudo isso.

Bem, de acordo com as opiniões do meu onco e do mastologista, os dois estão tentando me poupar da radioterapia, e sinceramente, acredito que eu não vá precisar, pois a cirurgia vai ser radical. Mastectomia total sem preservação de pele ou mamilo. Por quê? Por que o meu tumor está muito próximo do mamilo e as microcalcificações estão espalhadas. Então para o meu próprio bem não vamos preservar nada da mama esquerda para podermos preservar a minha vida e um risco de recidiva do tumor bem pequeno.

É, galera. Não está sendo fácil não. São decisões importantes que mexem com meu futuro e que foram muito bem pensadas antes de serem tomadas. Tenho que agradecer a Deus pela família maravilhosa que tenho e que tem estado ao meu lado incansável me apoiando e orientando em todas os momentos e decisões.

Posso dizer que estou tranquila, pois agora eu tenho certeza absoluta de que tenho uma equipe trabalhando em conjunto: oncologista, mastologista e cirurgião plástico.

Falado disso preciso dizer que recebi há uns 10 dias mais ou menos uma visita muito especial. Um dos meus tios de São Paulo veio visitar a madrinha dele que estava muito doente e veio me visitar também. SIMPLESMENTE ADOREI A VISITA, TIO MAURICIO!!!! Adorei te ver de novo depois de tanto tempo. Foi uma tarde gostosa em família e que já deixou saudades!!!

Bem, fora isso tudo eu e minha mãe estamos momentaneamente em outro endereço. Esta foi outra das decisões difíceis que tivemos que tomar e confesso que para mim particularmente foi muito, muito mais difícil do que eu imaginei que seria.

Estamos morando temporariamente, até o final do meu tratamento pelo menos, na casa da minha irmã, na Tijuca. Está sendo melhor para nós, pois aqui temos um apoio e suporte maior e uma estrutura que não tínhamos em casa e que não tínhamos como manter.

Estou adorando estar aqui. Tenho a companhia da minha irmã, do meu cunhado e dos meus sobrinhos muito amados, sem falar na Maria, na Edméia e na Lucia. Mas tenho que confessar que foi a mala mais difícil que fiz na minha vida até hoje. E sinceramente não sei se minha mãe ou minha irmã entenderam até agora o motivo de tantas lágrimas derramadas durante a preparação.

Hoje eu já sou uma pessoa diferente do que eu era quando tudo isso começou. Já consigo encarar as coisas por outro prisma. E também estou muito mais sensível a tudo. Então, sair da minha casa foi uma sensação muito ruim. Foi como se eu estivesse abrindo mão de um sonho que eu e minha mãe demoramos tanto para conquistar. Foi uma sensação de estar deixando para trás um pedaço de você. Um sonho que demorou para chegar mas que foi realizado. E por causa da minha doença tive que abrir mão dele momentaneamente. Mas o mais difícil mesmo, foi ter que fazer minha mãe abrir mão disso por mim. Por ela ser MÃE, por ela me amar e por ela saber que era o melhor para nós duas no momento, tive que fazê-la sair da casa dela, do espaço dela, do canto dela e porque não dizer da vida dela neste momento.

Como conseguir conviver com isso sem culpa????? Alguém sabe me dizer? Se souber que me fale, porque eu ainda estou tentando encontrar a resposta. Provavelmente vai ser uma daquelas perguntas que eu jamais terei resposta.

Cláudia – não entenda errado o que eu estou escrevendo. Simplesmente adoro estar aqui com vocês e vou ser eternamente agradecida a você e ao Décio por abrirem as portas da casa de vocês para nos acolherem. Mas eu precisava ser honesta e colocar para fora o que eu estou sentindo. Sempre fui honesta com meus sentimentos aqui no blog e agora, justamente agora não poderia fazer diferente.

É meus amigos, foram muitos flashes diferentes nestes últimos dias que estive ausente do blog. Precisava colocar a cabeça no lugar, me adaptar a uma porção de coisas novas. Mas também tem seu lado bom. Claro que tem!!!! Hoje posso dizer com orgulho e com certeza de que o trabalho que meus pais tiveram conosco desde que eu e minhas irmãs nascemos não foi em vão. Eles nos fizeram o que somos hoje, eles nos deram a base, nos mostraram o caminho do certo e do errado e nos ensinaram o principal: ser uma família. Sim, nós somos uma FAMÍLIA. Família unida, sempre presente em todos os momentos bons e ruins. Família sem a qual eu jamais teria conseguido chegar aonde cheguei hoje.

Então este blog eu termino assim: dizendo a todos vocês que AMO MUITO MINHA FAMILIA E QUE SEM ELA EU NÃO SERIA NADA, NÃO TERIA NADA E NÃO TERIA MAIS SENTIDO TENTAR VIVER SEM ELA.

Beijos para todos e fiquem com Deus.